Dirija à noite em segurança
28/10/2020 2020-10-28 19:26Dirija à noite em segurança
Dirigir em estrada à noite para muitos é um desafio. Saiba os principais cuidados a tomar.
Algumas pessoas evitam dirigir por estradas à noite. Outras dizem gostar, por haver menos tráfego, pela temperatura mais amena ou por alguma outra razão. A verdade é que dirigir à noite em rodovias requer um nível de atenção bastante grande, já que praticamente não há iluminação pública em estradas e as condições podem se tornar bastante adversas. Com cuidado e conhecimento é possível fazer uma viagem segura durante o período noturno.
O uso dos faróis – conheça o veículo
Todos os veículos são equipados por padrão com três níveis de iluminação dianteira: as lanternas (ou luzes de posição), o farol baixo e o farol alto. Nem todos os veículos têm luz espia no painel para indicar o uso das lanternas ou do farol baixo, mas todos possuem uma luz azul para indicar quando o farol alto está acionado.
De acordo com o código de trânsito brasileiro, as luzes de posição têm uso bem específico: quando sob chuva forte, neblina ou cerração (sendo preferível nessas situações o uso do farol baixo) e quando o veículo estiver parado, à noite, para fins de embarque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga de mercadorias; a luz baixa deve ser utilizada durante a noite e durante o dia nos túneis providos de iluminação pública e nas rodovias; e finalmente o farol alto, deve ser utilizado nas vias não iluminadas, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo. O trecho destacado é importante: uma das principais dificuldades para dirigir-se à noite é o mau uso que grande parte dos condutores faz do farol alto, mantendo-o acionado permanentemente. Quando em sentido contrário, o farol alto causa grande ofuscamento na visão. Ao deparar-se com um veículo com farol alto em sentido contrário, não olhe diretamente para os faróis, procure desviar o olhar para a lateral direita da pista em que você está até que o veículo passe. Isso evitará alguns segundos de cegueira que podem ser perigosos. Outra situação comum e desagradável é o veículo atrás com farol alto acionado. A luz intensa reflete nos retrovisores e causa grande incômodo na visão. É por isso que o retrovisor interno possui uma pequena aba por trás dele. Em condições normais (em outras palavras, durante o dia) o retrovisor interno deve ser regulado com a aba voltada para cima. Ao dirigir à noite, para evitar reflexos incômodos deve-se puxar a aba para baixo. O espelho mudará de posição e deixará de refletir diretamente a imagem do vidro traseiro, passando a refletir uma espécie de projeção e evitando o excesso de luz incômodo. Alguns veículos possuem esse comando fotocrômico elétrico, não havendo necessidade de selecionar manualmente a posição da aba.
É essencial dominar o uso do farol alto durante à noite. As viagens noturnas tornam-se extremamente desagradáveis quando há grande movimento com muitos motoristas usando o farol alto indiscriminadamente. Se a estrada estiver vazia, acione o farol alto. Se vier veículo em sentido contrário, volte ao farol baixo até que ele passe. Se encontrar veículo à frente, baixe o farol também. Se todos seguissem essas regras simples (que na verdade são leis, estão no artigo 40 incisos I, II, III e IV do código de trânsito) as viagens noturnas seriam bem mais seguras e agradáveis. É exatamente por isso que muitas rodovias possuem essa sinalização:
Outro ponto é a iluminação produzida dentro do próprio veículo pelo painel. Alguns modelos têm iluminação muito forte, e após algum tempo a viagem torna-se cansativa pois a retina tem de adaptar-se constantemente à grande iluminação que vem de perto, do painel, misturada com a baixa iluminação exterior. Por isso muitos modelos possuem um comando para regulagem da intensidade da iluminação do painel, como no vídeo abaixo:
Mais um dispositivo para condução noturna é a regulagem da altura do facho dos faróis. Quando o veículo está muito carregado, em especial no banco traseiro e porta-malas, é normal que a suspensão traseira afunde. Isso faz com que o facho dos faróis acabe ficando muito alto. A posição do comando de regulagem dos faróis deve ficar na posição 0 com o carro vazio. Conforme a carga regula-se o quanto o facho de luz deve descer. Esse mecanismo existe não apenas para evitar ofuscamento dos veículos em sentido contrário, mas também para evitar perda da qualidade da iluminação, já que com o farol apontado para cima a luz acaba se perdendo no horizonte, deixando de iluminar o solo próximo ao veículo.
Um ponto bastante negligenciado pelos motoristas é a regulagem dos faróis. Existem parâmetros de inclinação do facho de luz para que isso seja feito, normalmente o manual do proprietário contém essa informação, que costuma ser de 1% ou 1,5%; com algum espaço e paciência disponíveis, é possível fazer a regulagem dos faróis em casa, seguindo algumas instruções como as deste site: https://www.moura.com.br/blog/regulagem-de-farol/
A velocidade
A qualidade da iluminação dos faróis varia dependendo do modelo do veículo. O facho baixo normalmente tem um alcance de 60, 70 metros, chegando a cerca de 100 metros em alguns modelos. É uma distância bastante razoável em baixas velocidades, mas pequena para se trafegar com segurança em velocidades mais altas. Façamos alguns cálculos com as seguintes premissas:
Alcance do farol: 70 metros
Velocidade: 100 km/h
A 100 km/h, um veículo percorre aproximadamente 28 metros por segundo. Isso significa que leva cerca de 2,5 segundos para percorrer 70 metros. Um carro pequeno precisa de cerca de 45 metros para frear à velocidade de 100 km/h. Imagine um veículo trafegando à noite, com farol baixo, a 100 km/h, e subitamente o motorista percebe um obstáculo à frente. Considerando que o tempo de reação entre ver o obstáculo e frear o veículo seja de 1 segundo, nesse período o veículo terá percorrido 28 metros, e sobrarão apenas 42 metros para parar o veículo. Ou seja, faltarão 3 metros até a parada total e haverá uma colisão. Façamos o mesmo cálculo com uma velocidade de 80 km/h. Nessa velocidade, um veículo pequeno percorre cerca de 22 metros por segundo e precisa de 30 metros até parar. Temos então 22 metros percorridos durante o 1 segundo de tempo de reação, mais 30 metros até parar, 52 metros no total. Considerando que o alcance do farol seja de 70 metros, teriam sobrado 18 metros entre o veículo e o obstáculo. Mesmo que os faróis do veículo não sejam muito bons e iluminem cerca de 55 metros, como um Fusca por exemplo, ainda sobrarão 3 metros de distância até o obstáculo.
Os cálculos acima valem para o farol baixo, o farol alto tem um alcance de cerca de 400 metros e em tese permite uma viagem segura a velocidades bem mais altas. O problema é que só é possível utilizar o farol alto quando a rodovia está totalmente vazia, situação que nem sempre acontece.
A sinalização
A sinalização horizontal da via é extremamente importante à noite. Numa noite escura, sem lua, nublada e/ou com chuva a escuridão se confunde com o asfalto e se não houver sinalização horizontal (as faixas) pode tornar-se quase impossível saber em que lado da via o carro está posicionado, ou até mesmo se há via à frente. É essencial acompanhar a delimitação das faixas e do acostamento, especialmente em situações como intersecção de rodovias ou saídas laterais, quando a faixa contínua torna-se tracejada para indicar que a conversão lateral já pode ser iniciada. As boas rodovias contam com olhos de gato (refletores) no solo, ajudando muito o motorista. Infelizmente o Brasil não é exatamente conhecido pela boa qualidade de suas estradas, e na maioria das vezes a sinalização horizontal é ruim ou inexistente. Nesses casos a atenção deve ser máxima e a velocidade baixa, especialmente quando condutor não conhece o percurso.
Durante o dia muitas sinalizações verticais não parecem muito úteis, porque é possível enxergar a pista à frente e ao redor. É perfeitamente possível perceber uma curva, mesmo que não haja sinalização. À noite entretanto a sinalização vertical é importante, pois permite antecipar a ocorrência de curvas, obras, obstáculos, estreitamentos de faixas e uma série de situações que, sem sinalização, só seria possível enxergar a uma distância muito próxima em que talvez não houvesse tempo para reação do motorista. Uma tentativa de ultrapassagem por exemplo deve ser imediatamente abortada ao verificar-se uma placa de proibido ultrapassar. Durante a noite preste atenção a toda sinalização vertical que houver, antecipando-se ou preparando-se para a situação apontada pela placa.
Sinais e alertas
Alguns anos atrás era comum o uso de uma espécie de código visual entre os veículos, especialmente pelos caminhoneiros. Numa estrada de pista simples, seta à direita pelo veículo à frente significava que havia espaço para ultrapassar; seta à esquerda, que não havia. Atualmente não são muitos que motoristas utilizam essa sinalização, mesmo entre os caminhões, e caso você verifique esses sinais não confie cegamente e verifique por conta própria se há condições seguras para ultrapassar: por mais bem intencionado que seja, o motorista à frente talvez calcule mal o espaço necessário para uma ultrapassagem, e você pode acabar em apuros. Por outro lado é comum piscar o farol alto ao cruzar com veículo com farol alto à frente. Às vezes funciona e o outro motorista se manca e abaixa o farol. Algo muito irritante é dirigir à noite atrás de um veículo com a luz de neblina ligada, sem que haja neblina. A lâmpada tem intensidade muito forte e atrapalha sobremaneira o veículo que está atrás. Observe a indicação no painel da luz traseira de neblina acionada, e se não houver neblina desligue-a.
Conclusão
Dirigir numa rodovia à noite sem dúvida requer atenção e conhecimento do veículo e da via. Por mais experiente que um motorista seja, noites escuras e com condições de tempo ruins são um desafio. Por outro lado pode ser agradável dirigir por uma rodovia bem sinalizada e com boas condições de asfalto, num horário noturno em que haja menos tráfego. Quaisquer que sejam as condições, dirija sempre com atenção à sinalização e não enfrente a rodovia caso não tenha certeza de que não será superado pelo sono durante a viagem.
Comentar (1)
Anônimo
Gostei da abordagem e dicas do artigo.