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Óleo Mineral ou Sintético: Qual a diferença?

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Curiosidades

Óleo Mineral ou Sintético: Qual a diferença?

Óleo Mineral ou Sintético: Qual a diferença?

Os termos “mineral” e “sintéticos” não querem dizer nada sobre as propriedades do óleo lubrificante

A nomenclatura mineral ou sintético não representa nenhuma relação com as propriedades que o lubrificante necessita atender, ou seja, não deixa de ser uma nomenclatura mais voltada ao marketing. O óleo lubrificante é um composto orgânico com aditivos e por isso já não deveria ser classificado como mineral e também todo óleo poderia ser classificado como sintético, já que não há fontes naturais de óleo lubrificante na natureza e sim de reservas de petróleo, o qual é processado se tornando óleo lubrificante, combustível, plásticos e etc. Na verdade, o óleo sintético possui cadeias de hidrocarbonetos de propriedades mais próximas das exigidas pelo motor, o que se traduz em menor necessidade de adição de aditivos otimizadores de propriedades.

Todo óleo lubrificante utiliza de 70 a 95% de óleo base e a ele é adicionado aditivos para que o óleo atenda as mais diversas condições requeridas por um motor em funcionamento, dentre elas a multiviscosidade, resistência à degradação/oxidação e redutores de atrito. Tais aditivos e a quantidade empregada fazem parte da “fórmula secreta” que cada fabricante guarda com muito rigor. Mas qual seria o motivo de um óleo lubrificante precisar ser multi-viscoso? O que significa isso? Em resumo todo líquido altera sua viscosidade em função da temperatura e no caso do óleo lubrificante a tal alteração poderia acarretar em falta de lubrificação em altas temperaturas. Ou seja, aditivos ajudam o óleo a não reduzir tanto sua viscosidade para que continue preenchendo os vãos entre peças em constante movimentação.

Muitos já devem ter notado como motores mais modernos utilizam óleos cada vez mais “finos”, ou menos viscosos. O motivo disso é simples: Quanto menor a viscosidade, menos energia eu preciso para bombear este fluído por dentro de dutos e isso se deve graças aos avanços tecnológicos dos processos de usinagem, pois uma coisa é construir 1 único motor pequenos vãos entre peças, outra e construir 2-3mil motores por dia. A variação destes vão está cada vez menores com o uso de máquinas e técnicas modernas, o que se permite trabalhar com vãos menores ainda sem risco de interferências ou espaçamento muito grandes.

Mas além da viscosidade, há outra característica comumente desprezada: A classificação do óleo perante a normas como API, ACEA e até mesmo dos próprios fabricantes. A mais utilizada para motores Otto é a classificação API, representada por duas letras que se inicia em SA e segue a ordem alfabética – hoje estamos em SN+. Esta classificação mostra de forma simples se um óleo específico atende condições de uso estipuladas pelo fabricante de motores. Por exemplo, se o fabricante recomenda óleo 10W30 SJ, eu como consumidor posso colocar qualquer óleo de qualquer marca que seja SJ ou acima, independentemente se ele é do tipo mineral ou sintético. O que não se pode fazer é o contrário, utilizar um óleo que seja de menor classificação pois isso irá trazer problemas ao motor.

E pelo fato do consumidor, e grande parte dos mecânicos, não saber sobre essa classificação é que se cria mitos sobre alguns motores não serem duráveis. Um exemplo clássico são os motores 1.0L Turbo (EA111) da Volkswagen dos anos 2000, utilizados no Gol e Parati. Este motor exigia um óleo de classificação muito superior ao óleo utilizado nos motores AP (E827) que tinha seu projeto base do final dos anos 70. Na época era comum se ver Santanas rodando mais de 400mil km na mão de taxistas pois o motor AP necessitava de um óleo de classificação SF e muito sem perceber utilizavam óleos SL, SJ. Ou seja, um óleo que se degradava mais lentamente em função da quilometragem. Por outro lado, o consumidor de Gol e Parati estava acostumado a utilizar o óleo mais barato, de classificação SF enquanto o motor 1.0L Turbo pedia um óleo do nível dos SJ que era 4x ais caro. Ou seja, o consumidor continuou utilizando o mesmo “óleo para Gol” num motor moderno, que tinha uma temperatura muito mais alta de trabalho, principalmente nos mancais do Turbo-Compressor, ficando degradado rapidamente – entenda-se borra – levando a falha do Turbo-Compressor entre outros componentes. No final, a vida útil destes carros era pequena o que fez desaparecerem das ruas enquanto os consumidores reclamavam que o motor era pouco durável, afirmação a qual não é válida já que ambos os motores passaram pelos mesmos testes de validação em durabilidade durante a fase de desenvolvimento pela a engenharia da Volkswagen.

Mas se o manual do meu carro não mostra a classificação API que devo procurar para o óleo do meu motor, como devo proceder? Alguns fabricantes informam apenas que o óleo deve atender suas normas, ou em outras palavras, tais óleos foram testados seguindo os critérios de durabilidade do fabricante para serem homologados por eles. Obviamente que quem paga todo o custo desta validação é o fabricante do óleo mas em contrapartida o fabricante ganha um novo status no seu produto. Há montadora que chega informar a sua classificação e a correspondente na tabela API.

Agora algo que o consumidor deve atentar é o tipo de uso do veículo. Resumindo, há contaminação de combustível no óleo do motor durante a fase fria do motor e este combustível se evapora, através do sistema “blow-by”, apenas quando o óleo passa dos 60-70ºC. E diferentemente do líquido de arrefecimento, o óleo leva mais tempo para se aquecer, algo por volta  15-20min rodando com o carro. Ou seja, aquele carro “só para ir ao mercado e voltar” pode ter a durabilidade do seu motor comprometida por sempre rodar com óleo em baixa temperatura e contaminado por combustível. Isso se agrava no uso do Etanol, que além de agredir mais o óleo possui 7% de água fazendo o óleo virar uma maionese em casos extremos. Para evitar isso, vale trocar o óleo em intervalos reduzidos tanto de quilometragem como por tempo. Aliás, por que precisamos trocar por tempo? Pois além do óleo se “estragar” com o tempo – por ser um composto orgânico que se oxida – ele também vai absorvendo a umidade do ar.

Portanto, na hora de trocar o óleo do motor do seu carro o segredo é utilizar o óleo recomendado no manual do proprietário, simples assim! E se quiser garantir, troque em intervalos menores dos recomendados.

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